Com atrasos e cancelamentos, projetos de usinas solares perdem força, porém a geração de energia solar no Brasil continua crescendo forte com instalações em casas e empresas, que deverão aumentar com novos incentivos do mercado.
Desdobramentos recentes no segmento de geração centralizada têm jogado incertezas quanto ao desenvolvimento de novos projetos de usinas solares no país. No entanto, segundo os últimos dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o número de sistemas fotovoltaicos instalados nas casas e empresas dos brasileiros apresentou novamente forte crescimento no ano passado.
Agora, visando expandir ainda mais esses números, novas linhas de financiamento chegam ao mercado para facilitar a aquisição dos sistemas, além de outras facilidades como modelo de consórcio, o que sugere que a geração de energia solar no Brasil virá, cada vez mais, direto das casas dos consumidores.
Geração centralizada enfrenta problemas
O segmento de geração centralizada do setor solar brasileiro sofreu um golpe no final do ano passado, quando o Governo Federal decidiu cancelar o leilão de energia de reserva (LER) previsto para o dia 19 de dezembro, o qual deveria contemplar a contratação de novos projetos de geração por fontes renováveis, mais especificamente as usinas solares e eólicas.
O motivo para isso foi que, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), existe hoje no Brasil uma sobre oferta, ou folga, de 8GW (gigawatts) de energia elétrica. Além disso, atrasos e falta de investimentos em obras de transmissão tem comprometido as obras de geração, que dependem dessas para escoamento da energia gerada.
No total, existem hoje 7,5 MW (megawatts) em potência de energia contratada no país sem previsão de início de operação. Destes, cerca de 600MW são de usinas solares contratadas em 2014, quando a moeda americana estava mais desvalorizada, e as quais se tonaram inviáveis no cenário atual de geração de energia solar no Brasil.
Para resolver esses problemas, o governo decidiu optar por declarar a caducidade de contratos em linhas de transmissão, visando a futura relicitação dos trechos. Na geração, por sua vez, além de congelar temporariamente a contratação de novos projetos, o governo, através do Ministério de Minas e Energia (MME), prevê para o primeiro trimestre deste ano a realização de um leilão reverso.
Neste, segundo Paulo Pedrosa, secretário executivo do MME, os contratos dos projetos com obras não iniciadas poderão ser cancelados por seus investidores, mediante o pagamento de um prêmio por parte dos mesmos.
“A sobre contratação de energia está virando um grande problema para empresas e consumidores”, afirma ele, o qual também explica que a crise econômica atual do país, aliada a queda no consumo de energia, tem causado um sobrecarga nas distribuidoras que pode acabar sendo paga pelos próprios consumidores, caso esta seja até 105% acima da demanda.
Geração distribuída: A bola da vez na geração de energia solar no Brasil
Se o segmento centralizado de geração de energia solar no Brasil sofre com a falta de perspectivas, felizmente para os consumidores o segmento de geração distribuída cresce cada vez mais, beneficiado por quedas nos custos dos sistemas, linhas de financiamento para sua aquisição e novos modelos de comercialização, como consórcio de energia solar.
A despeito da crise no país, segundo os últimos dados da ANEEL, em comparação ao ano passado o segmento cresceu novamente acima dos 300%, e até janeiro deste ano o Brasil já contabilizava 7.610 pontos de conexão instalados. Destes quase 74 MW de potência instalada de sistemas, a grande maioria, ou exatos 7.528, utilizam a fonte solar.
Quando analisado por tipo de cliente, os residenciais mantêm a liderança absoluta, com 5.997 conexões (80%), e os comerciais representando por 1.186 adesões (apenas 15%). Com esses números expressivos, Luiz Barroso, da EPE, afirma que o governo tem visado cada vez mais a microgeração como aposta na expansão da energia renovável no Brasil.
Com as novas condições de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no entanto, essa diferença entre sistemas residenciais e empresariais deve diminuir. Liberadas no final do ano passado, as novas diretrizes reduzem os juros e aumentam os prazos dos financiamentos, priorizando os projetos de geração por fontes de energias renováveis, e devem atrair e impulsionar as instalações em empresas.
Entretanto, de acordo com especialistas do setor, há ainda o que pode ser feito. A liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para pessoas físicas seria uma delas, de acordo com Barbara Rubim, integrante da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace. “Trata-se de medida simples que poderia vir por meio de um decreto do executivo, mas cujo projeto de lei está patinando nas comissões desde 2014”.
Inovação no Mercado: Consórcio de Energia Solar
Para Rodrigo Lopes Sauaia, diretor da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o financiamento ideal para a compra de um sistema fotovoltaico deveria ser aquele onde o consumidor paga a sua parcela mensal com a economia obtida na conta de luz através do uso do sistema.
“Essa é a conta que tem de ser feita para democratizar o uso da tecnologia sem onerar o consumidor. Um sistema bem projetado, por exemplo, pode reduzir em até 95% a tarifa de energia”, diz Sauaia.
Com o consórcio de energia solar, lançado no final do ano passado, felizmente isso já é possível. Funcionando de maneira similar aos consórcios de imóveis e veículos, nele o consumidor adquire o seu sistema em conjunto com um grupo de outros consorciados, escolhendo entre as opções de tamanho de sistemas disponíveis e pagando suaves parcelas mensais sem juros.
Podendo ser contemplado por lance ou sorteio, todo mês um consorciado poderá obter o crédito para a compra do seu sistema e, desse modo, já podendo instalá-lo e obtendo imediatamente a economia na fatura energética, usando-a para quitar o seu sistema. Assim, com a vida útil de um sistema fotovoltaico hoje ficando acima de 25 anos, e o prazo máximo para pagamento do consórcio em 8 anos, o consumidor poderá obter, no mínimo, 17 anos de energia grátis.
Fontes de informação: Isto É – Fonte Portal Brasil – Fonte Exame – Fonte